terça-feira, 29 de junho de 2010

Crítica da Lenda feita pelo departamento de teatro da UNIRIO

domingo, 21 de junho de 2009


A LENDA DO PRÍNCIPE QUE TINHA ROSTO

UMA CIA. QUE SE DESAFIA E MOSTRA O ROSTO



É louvável ver o resultado final dos desafios que algumas iniciativas teatrais propõem a elas mesmas. E este é o caso da Cia. Artesanal, uma das principais companhias cariocas de teatro dedicadas ao público infantil, em cartaz no Teatro do Jockey com sua nova peça A Lenda do Príncipe que Tinha Rosto. Com suas últimas montagens priorizando o texto como ponto de referência, nesta nova peça o texto simplesmente some.



Um desafio que é bem realizado e que serve de amadurecimento estético para o grupo. É uma história simples e de fácil compreensão da platéia, quase um sonho com dramaturgia e roteiro musical de Gustavo Bicalho, conduzida apenas por algumas narrações gravadas e umas projeções que ilustram passagens da história num telão.



A atmosfera gótica presente nos cenários, figurinos e adereços de Fernanda Sabino, Henrique Gonçalves e Karlla de Luca é de uma preciosidade e requinte de detalhes inspirada nos filmes de Tim Burton. E os atores André Pimentel, Bruno Oliveira, Débora Salem e Virgínia Martins, completamente anônimos em seus impecáveis figurinos, abrem mão de seus egos ao não mostrar seus rostos sob máscaras e dão suas contribuições à peça com composições corporais de singular delicadeza gestual.



Talvez A Lenda do Príncipe que Tinha Rosto seja uma história mais apropriada para a linguagem de teatro de marionetes, muito por conta de sua estética, mas tudo é feito com tanta verdade pelos atores que por vezes eles se desafiam em serem grandes marionetes humanas e, o melhor, vencem este desafio com toda a sua excelência.



Tudo isso tendo a música de Prokofiev, principalmente do ballet “Romeu e Julieta”, dando as variações ora dramática, ora apaixonada, necessária à narrativa da história; além da Luz de Jorginho de Carvalho, rica de elementos ao criar ainda mais esse universo de sonho, dando pinceladas de magia ao espetáculo, por vezes transformando-o num quadro de rara beleza e delicados matizes.



Enfim, A Lenda do Príncipe que Tinha Rosto é mesmo uma “proposta diferente para a Cia. Artesanal”, como seus próprios diretores-artísticos Gustavo Bicalho e Henrique Gonçalves declaram no programa da peça. E diferente também para o público de teatro infantil, que por vezes sofre com a mesmice das montagens que subestimam este público. Um espetáculo diferente no melhor sentido, principalmente na sua estética, e que vale ser assistido por todos.

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